sábado, 23 de julho de 2016

As Sandálias do Pescador - Morris West

Esta obra de Morris West conta a história de Kiril Lakota, arcebispo ucraniano que lutou contra a ocupação nazista e sofreu com o stalinismo antes de ser eleito papa. Conhecendo bem a realidade sobre a qual escreve - West foi seminarista e por muitos anos correspondente no Vaticano, o autor desvenda as complexas manobras políticas para a escolha do sumo pontífice e faz reflexões profundas sobre o catolicismo.
Dirigido por Michael Anderson e estrelado por Anthony Quinn e Laurence Olivier, o livro foi adaptado para o cinema e indicado ao Oscar nas categorias melhor trilha sonora e melhor direção de arte.

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Ambientado durante a Guerra Fria, "As Sandálias do Pescador" conta a história do bispo do leste europeu Kiril Pavlovich Lakota que, libertado após vinte anos em uma prisão siberiana, é enviado a Roma. Com a morte de Pio XIII, o personagem se vê eleito ao papado quando os cardeais ficam profundamente impressionados com sua humildade.

Mas como Papa, Kiril I é inseguro e se vê perdido em um mundo ocidental que desconhece após tanto tempo preso, perdido em meio à política e uma crise na China que ameaça atirar o mundo em um conflito mundial.

Os perigos de um conflito atômico, o debate entre ciência e religião, amor e pecado são temas que se entrelaçam neste livro. "As Sandálias do Pescador" tece ao longo de sua narrativa um diálogo de grande profundidade sobre a possibilidade de convivência pacífica entre os povos.

******************************************************Gostei muito desse livro, por ser o primeiro livro do Morris West que li, fiquei impressionada com os detalhes, a riqueza do conhecimento do autor a cerca dos ritos do catolicismo.

Não sou católica, então tudo o que foi narrado era novo e muito interessante para mim. O começo da leitura é maçante, mas necessário para se entender o que está ocorrendo e como a história se desenrola.

Os personagens, cardeais Leone e Rinaldi têm bastante influência no Vaticano, o que faz com que consigam eleger o cardeal que "escolheram" para ser o próximo papa.

O papa escolhido, o personagem Kiril Lakota é muito cativante, por muitas vezes enquanto lia, desejei conhecê-lo pessoalmente, rs rs rs.

Apesar de o personagem ser colocado como um Cristo no livro, adorei a forma sutil como o autor fez isso, sem tornar melosas as atitudes de Kiril enquanto papa. Também imaginei como ele seria, ucraniano, com cicatrizes, sem dúvidas um papa diferente.

Como não conheço o mínimo das bases católicas/bíblicas fiquei meio perdida quanto ao título do livro, felizmente descobri quem era o pescador e a relação de um papa com a Igreja.

Adorei a sinceridade do autor e as críticas bem pontuadas de um personagem que calça as sandálias, é investido pelo poder divino, mas não pode mudar, da forma como entende correta, os padrões da Igreja.

A personagem Ruth também é muito interessante, pois seus conflitos são atemporais, quantas pessoas se tornam alienadas à religião e optam por não acreditar mais na fé? A busca espiritual da personagem é bastante árdua.

Quanto ao George Fasber e a sua luta para anular o casamento de Chiara, a narrativa mostra como um homem tão maduro e inteligente pode se envolver em uma trama vergonhosa para ter um papel que declare que Chiara, a mulher amada lhe pertence de direito.

O personagem Jean Télemond deixa marcas profundas quanto a sua submissão e dedicação à Igreja.

Com certeza vale a pena ler esse livro, principalmente se você deseja fazer uma reflexão sobre a vida.

Walkíria

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Os intrincados caminhos da fé.
Eu li de novo e foi como se lesse esse livro pela primeira vez. Que livro magnífico! Inteligente, sério, que curiosamente, por meio da ficção, nos apresenta uma trama tão semelhante ao que se vê hoje se desenrolando no Vaticano. Ou melhor, que se viu, com João Paulo II, que efetivamente mudou a face do Catolicismo. No livro, temos um Papa nascido em meio ao comunismo - palco do ateísmo absoluto -, que justamente por isso, talvez, consegue começar a fazer mudanças em uma instituição religiosa que havia ser perdido em meio à sua própria burocracia, fausto e distanciamento da fé simples e pura que Cristo trouxe ao mundo.
Porém, não é uma leitura para quem procura romances açucarados. É uma história repleta de simbolismos, teologia e discussões sobre o mundo em que vivemos com todas as suas contradições, perigos e riscos absurdos. Acima de tudo, é uma história de fé e sobre o poder transformador que esta pode ter, desde que conduzida de forma autêntica, pelo que realmente significa para o mundo e para aqueles que a tem nas mãos. O estranhamento do Papa Kiril em meio à engrenagem do Vaticano, que se movimenta por si mesma, apesar e por causa dele, é o que a história tem de mais forte, marcante e emocionante, nos levando a refletir seriamente sobre os caminhos da religião e seu papel em nossas vidas.
Um grande livro, sem dúvida!
Janaína Vieira

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Li este livro pela primeira vez antes da eleição do Papa João Paulo II, tal como uma premonição para a eleição de um papa não-italiano, desafiador das estruturas da Igreja Católica, como o personagem central dessa obra de Morris West. Foi filmado com Anthony Quinn, com excelente interpretação, aliás, como de costume. Tanto o livro quanto o filme são ótimos! Não deixem de ler!
Eduardo

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