Pertencente ao
Romantismo, o romance Ubirajara, de José de Alencar, é um dos romances
indianistas do autor, junto com O Guarani e Iracema. O romance foi o último que
o autor escreveu neste gênero, e teve o intuito de promover ou resgatar a
nacionalidade.
Ubirajara, o índio,
protagonista da história, representa a base da formação do povo brasileiro, na
visão do nacionalismo romântico. O romance reconstrói a imagem do índio,
defende sua cultura e tentam evidenciar as diferenças entre ele e os europeus.
O romance busca
resgatar alguns valores humanos, atribuindo-os aos índios, tais quais a
lealdade, a bravura, a valentia, etc. Defende itens da cultura indígena como a
poligamia, e culpa os portugueses pelas consequências do processo de
colonização que, segundo a visão da obra, acabou fazendo com que o índio
brasileiro perdesse sua identidade cultural. Neste e nos demais romances
indianistas, José de Alencar buscou resgatar os valores intrinsecamente
indígenas, exaltando-os, enquanto criticava os valores trazidos pelos europeus.
A narrativa fala de
Jaguarê, um índio jovem, caçador, que luta para se tornar guerreiro, até que
vence o grande guerreiro Pojucã, e finalmente é reconhecido como herói. Passa,
então, a ser chamado de Ubirajara, o senhor da terra, passando a ser chefe da
tribo dos araguaias. Em dado momento, encontra Araci, uma virgem tocantim,
filha do chefe Itaquê, e é recebido por este como pretendente de Araci. Para
tanto, precisa, no entanto, enfrentar outros pretendentes. Forma-se portanto um
triângulo amoroso, visto que havia uma pretendente de sua tribo chamada
Jandira, com a qual o índio já iria constituir família.
Em seguida o pai de
Araci descobre que o Ubirajara era da tribo inimiga e o prende. Os araguaias
invadem a aldeia dos tocantins e as duas tribos lutam, até que Ubirajara
consegue dobrar o arco de Itaquê e se torna o chefe das duas tribos, que se
juntam e passam a se chamar Ubirajaras. O herói se casa com Araci e com
Jandira, e se tornam uma só família.
O romance foi
produzido em 1874 e é considerado um típico romance indianista de José de
Alencar. Exaltando a natureza brasileira como paradisíaca, e o índio como um
herói, o autor utiliza uma linguagem rica em adjetivos e figuras de linguagem.
A narração é feita em
terceira pessoa, e o narrador é predominantemente observador, tendo alguns
momentos de onisciência. O tempo é cronológico, e conta uma história anterior
ao descobrimento do Brasil, se passando na mata da região do Tocantins
Como todo bom romance romântico, a história não poderia deixar de
conter as lutas, as histórias de amor, os cantos de amor, e a linguagem
poética. ( Ana Paula de Araújo )
Ubirajara é um livro
de romance do escritor brasileiro José de Alencar publicado em 1874.
Caracteriza-se pelo
enredo que mostra o "primeiro termo" da tríade indianista de José de
Alencar, onde sua personagem principal é um índio brasileiro puro, que ainda
não se corrompeu perante à cultura europeia.
Resumo
Jaguarê, jovem
caçador araguaia, procura em outras terras um inimigo com quem possa lutar,
pois levando um prisioneiro para sua taba ele conseguiria o título de
guerreiro. Mas em vez de um guerreiro, ele encontra uma índia tocantim de nome
Araci, que era filha do chefe da tribo. Ela diz que em sua nação existem cem
guerreiros que vão disputá-la em casamento e Jaguarê é convidado a ser mais um
deles. Jaguarê prefere dizer a Araci que mande todos eles para combater com ele
e assim ela fez.
Logo aparece Pojucã
para combater com Jaguarê e é vencido por ele. Jaguarê torna-se então
Ubirajara, o senhor da lança. Sendo levado para a taba de Ubirajara, Pojucã tem
a oportunidade de ficar com a antiga prometida à Jaguarê, a jovem Jandira. Esta
se recusa ficar com Pojucã e foge para a floresta. Ubirajara chega à taba de
Araci e, como permite a lei da hospitalidade, não se identifica, adotando o
nome de Jurandir, o que veio trazido da luz. Compete com os demais pretendentes
de Araci e ganha a mão da jovem tocantim em casamento, mas antes de casar-se é
obrigado a identificar-se. Faz-se ali uma situação constrangedora, pois seu
prisioneiro é Pojucã, irmão de Araci.
Estava assim
declarada a guerra. Pojucã é libertado para que pudesse lutar junto com o seu
povo, os tocantins. Quando os araguaias vão atacar, surgem os tapuias, que têm
o direito de atacar antes dos araguaias, que têm que esperar. Itaquê, chefe dos
tocantins, vence o chefe dos tapuias mas fica cego perdendo assim a liderança
de seu povo. Para que possa haver uma sucessão os guerreiros tocantins devem
pegar o arco de Itaquê, dobrá-lo e atirar com ele. Nenhum guerreiro tocantim
consegue o feito, inclusive Pojucã, filho de Itaquê. Por isso convidam
Ubirajara para fazê-lo.Este o faz com tal destreza e habilidade que emociona
Itaquê. Ubirajara enfim, une os dois arcos das duas nações, araguaia e
tocantim, dando origem à nação Ubirajara.
Personagens
Ubirajara: personagem
protagonista, é o herói do livro. Aparece nos capítulos iniciais com o nome de
Jaguarê, guerreiro da tribo dos araguaias, antes de se tornar "o senhor da
lança", Ubirajara e chefe de sua tribo em substituição ao pai, depois de
ter vencido Pojucã. Quando vai servir Itaquê para obter como esposa Araci, o
nome adotado por ele entre os tocantins é Jurandir.
Jandira: virgem
Araguaia, da tribo de Jaguaré, filha de Magé, uma das mais belas virgens da
tribo de nosso herói, e a ele prometida em casamento. Ubirajara a despreza,
apaixonado por Araci e, após surpreende-la tentando matar a amada, transforma-a
em escrava dela.
Araci, a estrela do
dia: filha do chefe dos Tocantins, Itaquê. Os guerreiros da tribo servem ao pai
para que este escolha a um deles como marido de Araci. Ela se apaixona por
Ubirajara.
Pojucã: Em tupi, seu
nome significa "eu mato gente"; é um forte guerreiro tocantim e irmão
de Araci. É através dele que Jaguaré torna-se Ubirajara, pois na luta que ambos
têm, Ubirajara saiu-se vencedor absoluto, deixando de ser caçador para
tornar-se líder de sua gente.
Itaquê: chefe
tocantim, pai de Araci, homem honrado e leal aos princípios de sua gente.
Jacamim: mãe de Araci
e Pojucan. Ela, como todas as mulheres da tribo, encarrega-se do plantio da terra
e, segundo a tradição tocantim, transmite sua fertilidade à terra. Não exige a
fidelidade do marido, que tem outras mulheres.
Camacã: pai de
Ubirajara, chefe da tribo Araguaia, que transmitirá ao filho a sua função.
Canicran: chefe dos
tapuias; Itaquê o vence numa luta e abre sua cabeça em duas metades.
Pahã: É o filho mais
novo de Canicran, vinga o pai e cega Itaquê a flechadas. É importante para a
trama porque vai permitir que os Tocantins fiquem sem chefe, o que faz com que
Ubirajara possa impor-se como chefe e unir as duas tribos.
Contexto histórico
Produzido em 1874,
Ubirajara é parte fundamental do conjunto de obras indianistas de José de
Alencar, o maior prosador romântico do Brasil, que produziu, também, romances
urbanos (de costumes), regionalistas e históricos. O romance revela do ponto de
vista de José de Alencar, o caráter da nação indígena, um relato dos costumes e
da própria índole do selvagem - o bom selvagem - oposto àquilo que informam os
textos de missionários jesuítas e viajantes aventureiros. Trata-se de uma
releitura do homem nativo. O próprio romancista afirma, na
"Advertência" que abre o romance: “Este livro é irmão de Iracema.
Chamei-lhe lenda como ao outro. Nenhum título responde melhor pela propriedade,
como pela modéstia, às tradições da pátria indígena. Quem por desfastio
percorrer estas páginas, se não tiver estudado com alma brasileira o berço de
nossa nacionalidade, há de estranhar em outras coisas a magnanimidade que
ressumbra no drama selvagem a formar-lhe o vigoroso relevo. Como admitir que
bárbaros quais nos pintaram os indígenas brutos e canibais, antes feras que
homens, fossem suscetíveis desses brios nativos que realçam a dignidade do rei
da criação? [...]”
A temática amorosa revela tanta importância quanto a temática da honra.
Durante todo o romance o amor supera todas as dificuldades. O romance é narrado
em terceira pessoa, por um narrador todo-poderoso que sabe e vê tudo ao seu
redor. A história passa-se no século XV, o que podemos ver no fato da ausência
do homem branco. Apresenta como espaço a natureza selvagem de um Brasil
primitivo. A ação externa é a que predomina a obra. O romance com tom épico é
dividido em nove capítulos. ( wikipedia )
Ubirajara é um livro
importante no conjunto das obras indianistas de José de Alencar e fundamental
no conjunto, completando sua intenção de fazer uma obra panorâmica, que
mapeasse o país tanto geográfica quanto cronologicamente. Assim, a história do
"senhor da lança" mostra uma terra selvagem, com sua pureza ainda não
profanada pela presença do branco invasor. É um Brasil pré-cabralino, ao passo
que O Guarani e lracema já revelam o contato com a cultura branca européia (D.
Antônio, Ceci, Martim) e suas conseqüências. Os primeiros cronistas, entre eles
Pero Vaz de Caminha, mostram preconceituosamente um índio sem fé, nem lei, como
se não tivesse cultura, somente porque não possui a a cultura cristã européia.
Essa desvalorização da cultura do habitante primitivo desta nossa terra é
questionada por Alencar no prólogo intitulado Advertência. Diz o autor:
“Este livro é irmão
de Iracema.
Chamei-lhe lenda como
ao outro. Nenhum título responde melhor pela propriedade, como pela modéstia,
às tradições da pátria indígena.
Quem por desfastio
percorrer estas páginas, se não tiver estudado com alma brasileira o berço de
nossa nacionalidade, há de estranhar entre outras coisas a magnanimidade que
ressumbra no drama selvagem a formar-lhe o vigoroso relevo.
Como admitir que
bárbaros, quais nos pintaram os indígenas, brutos e canibais, antes feras que
homens, fossem suscetíveis desses brios nativos que realçam a dignidade do rei
da criação?
Os historiadores,
cronistas e viajantes da primeira época, senão de todo o período colonial,
devem ser lidos à luz de uma crítica severa. E indispensável sobretudo escoimar
os fatos comprovados, das fábulas a que serviam de mote, e das apreciações a
que os sujeitavam espíritos acanhados, por demais imbuídos de uma intolerância
ríspida.” Sabiamente, Alencar assim
complementa sua critica aos preconceituosos cronistas do passado: “Homens
cultos, filhos de uma sociedade velha e curtida por longo trato de séculos,
queriam esses forasteiros achar nos indígenas de um mundo novo e segregado da
civilização universal uma perfeita conformidade de idéias e costumes. Não se
lembravam, ou não sabiam, que eles mesmos provinham de bárbaros ainda mais
ferozes e grosseiros do que os selvagens americanos.”
Enredo
O jovem caçador
araguaia, Jaguarê, procura em terras alheias um inimigo para desafiar e
combater. Levando um prisioneiro para sua taba ele conseguirá seu título de
guerreiro. Ao contrário do que esperava, encontra uma índia tocantim, filha do
chefe, de nome Araci. Ela diz que em sua nação há cem guerreiros que vão
disputar seu amor. Jaguarê é convidado a alistar-se entre eles, mas prefere
dizer à virgem que mande todos seus pretendentes para combatê-lo. Após a
partida de Araci, aparece um índio tocantim, Pojucã, que aceita o desafio de
Jaguarê. O índio araguaia vence e aprisiona o guerreiro tocantim com sua lança,
intitulando-se a partir de então, Ubirajara, o senhor da lança.
Ubirajara deixa o
prisioneiro em sua taba, dando-lhe como esposa do túmulo a jovem Jandira, que
até aquele instante era sua noiva. Em seguida, parte o guerreiro para a nação
dos tocantins. Jandira não aceita ser esposa de outro que não Ubirajara e foge
para a floresta.
Ubirajara chega à
taba de Araci e, como a lei da hospitalidade permite, não se identifica,
adotando o nome de Jurandir, o que veio trazido pela luz. Compete com os demais
e ganha o direito de casar-se com Araci, mas antes da noite nupcial é obrigado
a identificar-se. Cria-se uma situação constrangedora, pois seu prisioneiro é
irmão de Araci. Declara-se a guerra. Ubirajara liberta Pojucã para que possa
lutar ao lado de seu povo.
Quando os araguaias
vão atacar, surgem os tapuias que, por justiça, têm o direito de guerrear antes
dos araguaias, que devem esperar. O chefe dos tocantins, Itaquê, vence o chefe
tapuia, mas fica cego, não podendo liderar seu povo. Para sucedê-lo, os
guerreiros devem dobrar seu arco e atirar como ele. Como os guerreiros de seu
próprio povo não conseguem, convidam Ubirajara a fazê-lo. O guerreiro araguaia,
genro de Itaquê, consegue com tal destreza e força que emociona o velho Itaquê.
Assim, Ubirajara une os dois arcos e as duas nações, araguaia e tocantim, dando
origem à grande nação ubirajara. Como prêmio, ganha também duas esposas: Araci
e Jandira.
Estrutura da obra
Foco narrativo - A
narrativa é feita em terceira pessoa. O narrador é, na maior parte da história,
um observador; há momentos em que se apresenta como onisciente, tudo sabe e
tudo vê.
Tempo
O tempo cronológico,
remonta a ação ao século XV, o que pode ser determinado pela ausência do homem
branco. O romance organiza-se, em seus nove capítulos, de forma linear,
cronológica, em tempo anterior a 1500, na região do Tocantins.
Espaço
A narrativa apresenta
a natureza selvagem como espaço privilegiado, com a maior parte das ações
desenvolvendo-se na região interior e selvagem de um Brasil primitivo e
edênico. A natureza é o único componente espacial deste pequeno romance.
Selvagem, hostil ou acolhedora, ela representa o espaço ainda inalcançado pelo
homem branco, por se tratar de romance
pré-cabralino. Há, ainda, o espaço das aldeias, povoado por criaturas
selvagens, porém cheia de princípios éticos.
Ação
Predomina a ação
externa, revelando domínio seguro da efabulação, apesar da estrutura simples da
obra. O tom épico faz-se presente nos feitos guerreiros, nas caçadas, mas o
lírico aparece sempre, tanto na linguagem poética, quanto nos diálogos e nos
cantos de amor. A conversa entre Ubirajara e Araci logo depois do combate
nupcial é de grande beleza e o canto de tristeza de Jandira quando desprezada é
de comovente sentimentalismo.
O romance é dividido
em nove capítulos, organizados de modo linear, apresentando tempo cronológico,
com a ação se desenvolvendo na selva brasileira, em período anterior ao
descobrimento, na região do rio Tocantins. Os títulos dos capítulos indicam o
conteúdo básico da fábula:
I. O caçador -
Jaguarê sai de sua taba em busca de um inimigo para conseguir o titulo de
guerreiro. Pelas margens do grande rio Tocantins caminha o jovem caçador
Jaguaré à procura de um adversário a quem possa desafiar. É que ele quer
transformar-se em guerreiro de sua tribo e precisa de um adversário à altura do
feito. Há três dias está na imediação da tribo dos Tocantins, tribo inimiga ,
chefiada por Itaquê.
Jaguaré vê, então,
Araci, "a filha do dia", que tal como uma corça veloz atravessa a
campina. Ao identificar a moça, o guerreiro fica decepcionado porque está à
espera do inimigo com quem lute, rito pelo qual deve passar - e vencer - o
guerreiro. Pela indumentária e adereços, Jaguaré identifica em Araci uma virgem
que ainda não foi possuída por nenhum guerreiro. E é advertido por ela.
Jaguaré diz ter
soltado seu grito de guerra e observa que pisa aqueles campos "como
senhor" e pede à Araci, que agora diz ser sua prisioneira, que avise os
guerreiros da tribo para que venham com ele lutar.
Araci considera que
ele deveria disputá-la como o fazem os homens da tribo, mas o caçador avisa que
tem quem o aguarde para esposa e desafia os guerreiros para a luta.
Pojucã , guerreiro temido,
atendendo o apelo de Jaguarê, e ambos se apresentam.
E se inicia o
combate. Ambos resistem, experientes e capazes de demonstrar maior fortaleza
física. Por fim, Jaguaré vence o combate, fere com sua lança de duas pontas o
guerreiro no peito e o aprisiona, obrigando-o a ir com ele à aldeia e relatar o
combate.
Mas antes de ir, muda
seu nome, soltando um grito de triunfo:
" - Eu sou
Ubirajara, o senhor da lança, o guerreiro invencível que tem por arma a
serpente. Reconhece o teu vencedor, Pojucã, e proclama o primeiro dos
guerreiros, pois te venceu a ti, o maior guerreiro que existiu antes
dele."
II. O guerreiro -
Jaguarê, tendo vencido Pojucã, adota o nome guerreiro de Ubirajara, senhor da
lança. A taba dos araguaias está em festa para receber seu mais novo guerreiro,
filho de Camacã, "maior chefe dos araguaias", líder que ostenta
ainda, em frente aos anciãos , o grande arco ornado depenas vermelhas,
conquista da juventude que já perdeu.
Pojucã narrou também
a sua história, exaltou os feitos do araguaia o que facilitou a aceitação do
filho de Camacã como guerreiro. Depois, Ubirajara empunhou o arco do pai foi
empunhado por ele. Era agora seu substituto como "o mais forte dos
guerreiros"daquela tribo.
A Pojucã coube a
glória de ter seu nome lembrado junto ao do guerreiro que o vencera.
III. A noiva -
Jandira, noiva de Ubirajara, espera por ele, mas o herói não a procura. Pior
que isso, ele a entrega como esposa do túmulo ao seu prisioneiro. Informa seu
povo de sua intenção e parte em busca de Araci, filha do chefe da nação
tocantim. Jandira, a doce filha de Magé, mal raiou o dia saltou da rede que
embalara os seus sonhos de virgem e, acreditando ser a última noite que passara
na cabana de seu pai, esperava Jaguaré buscá-la.
Mas Ubirajara sonha,
enquanto isso, com Araci. Ela lhe avisa em sonhos de que os guerreiros
Tocantins se preparam para tomá-la como esposa. Convida-o para partir se não
quiser chegar tarde.
O guerreiro araguaia
desperta em meio ao sonho e, depois, buscando nele refugiar-se mais uma vez,
deixa seu pensamento tomar rumo ao grande rio.
Jandira vai achá-lo
pouco depois na mata e pergunta o que aconteceu com ele. É surpreendida pela
resposta: a tristeza tinha entrado no coração do guerreiro, "que não sabe
mais dizer-te palavras de alegria, linda virgem."
Dizendo que o
guerreiro não poderia achar para si esposa mais fiel, Jandira tenta aparentar
alegria , mas soube que o amor de Ubirajara tinha abandonado o seu.
Enquanto isso, Pojucã
amargava a derrota e o fato de ser prisioneiro. Podia fugir, mas isso seria
comprovar sua desonra. Quando Ubirajara se aproximou da cabana do vencido,
ouviu dele o pedido de que o matasse, porque ele estava para sempre desonrado.
Então Ubirajara chama
os guerreiros e dá-lhe como "esposa do túmulo" Jandira, "que tem
no seio os doces favos da abelha."
E parte, prometendo
voltar para matar o guerreiro tocantim.
Jandira e Pojucã
ficam a sós e ela lhe diz que jamais seria esposa dele. Que se Ubirajara não a
quisesse, não seria de mais ninguém, preferindo a morte. Pojucã diz que ela
poderia gerar um filho dele, tão forte e valente como o pai.
Mas a jovem foge
dele, senta-se depois no meio da floresta, e tristemente canta.
Reunido o conselho de
anciãos, Ubirajara comunica que vai partir e que, ao voltar na próxima lua,
matará o inimigo.
IV. A hospitalidade -
Incógnito, usando o nome Jurandir, Ubirajara hospeda-se na taba dos tocantins.
Ubirajara vai ao encontro de Araci; ao chegar lá, o guerreiro vigia tocou o
aviso . Os guerreiros que para lá acorreram deixaram-no passar, sem indagar
donde vinha , e nem o que o trouxera.
Itaquê é pai de
Araci, a linda estrela do dia que Jaguarê busca.
Itaquê manda que
preparem o cachimbo da paz, para que ambos fumem juntos e, depois, os cantores
da aldeia entoam a saudação da chegada.
Enquanto os homens
cantam, Jacamim, a esposa de Itaquê, chama as outras amantes do grande chefe a
fim de que a ajudem a preparar o banquete da hospitalidade.
Depois de conduzido à
sombra da gameleira, junto aos guerreiros, foi servido com muita abundância,
com vinho de caju e ananás.
Depois que as
mulheres recolheram os restos e se retiraram, Itaquê disse que escolheria o
nome que o guerreiro usaria enquanto ali estivesse. Muitas foram as sugestões,
mas, finalmente, Ubirajara escolheu um nome para si: "- Eu sou aquele que
veio trazido pela luz do céu. Chama-me Jurandir."
Foi nesse momento que
Araci apareceu por entre as palmeiras e se encaminhou para a cabana. Os
guerreiros a acompanhavam e eram servos de seu amor. Disputavam todos a beleza
da virgem e com ela pretendiam casamento.
Araci reconheceu-o
imediatamente e soube que ele viera sem seus ornatos araguaias para disputar
com os outros o seu amor. Não cabia a ela dizer quem ele era, sequer revelar o
segredo. Apenas sentiu a alegria dentro do coração.
Jurandir fala de si e
de seus feitos e Araci canta para ele. Após isso, Jurandir declara: " - As
moças tocantins são formosas; qualquer delas alegraria o sono do estrangeiro.
Mas Jurandir não veio à cabana de Itaquê para gozar do amor de uma noite; ele
velo buscar a esposa que há de acompanhá-lo até à morte, e a virgem que
escolheu para mãe de seus filhos."
E pediu à Araci que o
conduzisse à cabana de Itaquê, onde pretendia revelar o segredo que o conduzira
até ali. Disse a ela que sonhara com seu chamamento e que ele o fizera vir até
a sua presença.
V. Servo do amor -
Jurandir, isto é, Ubirajara, revela sua verdadeira intenção e é aceito na casa
de Itaquê para servi-lo e adquirir o direito de combater pela mão de Araci.
Os guerreiros que estavam
cativos da beleza de Araci sabiam que teriam trabalho com o pretendente.
Jurandir desceu para o rio e se encarregou de pescar um peixe gigantesco que
levou vivo à cabana de Itaquê; depois, caçou uma grande anta ( tapir) e levou-a
viva, depositando-a aos pé de Araci. Nenhum guerreiro conseguiu segurar o
animal e seus ímpetos, mas ele, Ubirajara o fazia sem esforço. Quando obrigou o
animal a agachar-se diante de sua amada , disse para que todos ouvissem:
"- o braço de Jurandir fará cair assim a teus pés o guerreiro que ouse
disputar ao seu amor a tua formosura, estrela do dia."
A partir daí, tratou
de deixar a cabana do chefe dos Tocantins muito bem sortida da melhor comida;
caçador e pescador, isso era fácil para ele. Depois da caça e da pesca, trabalhava
prazerosamente nas roças do pai de Araci.
Enquanto isso, a
amada de Jurandir tecia a franja da rede para o casamento.
No banho, os
guerreiros e a virgem se encontravam. E ela nadava muito bem. E é no banho que
começa, sem que os outros vejam, a dar preferência a Jurandir.
Enquanto Araci busca
penas vermelhas , mel e guaraná para o seu amado no meio da floresta, eis que
ele surge trazendo uma mulher que segurava pelo braço e que trazia na mão uma
faca afiada. Araci reconheceu a virgem Araguaia pela faixa de algodão
entretecida de penas, e adivinhou que era Jandira, a noiva abandonada de
Jaguarê.
As duas virgens
ficaram a sós e se olharam. Jandira reconheceu que não tinha a beleza de Araci.
Araci canta para Jandira, e entre as frases que canta ressalta-se seu desejo de
que ela seja sua escrava, que o amor do guerreiro Araguaia era dela, Araci, e
que ela deixaria Jandira dormir com o seu guerreiro quando a beleza deixasse de
existir.
Jandira diz, então,
que prefere morrer a ser escrava de Araci e "de ver a cada instante a
formosura estrangeira que roubou seu amor." Acusa Araci de não saber amar
o guerreiro adequadamente. E acrescenta que jamais Jandira ofereceria a rede a
outra mulher.
VI. O combate nupcial
- Jurandir compete com os demais e ganha o direito de casar-se com Araci.
Começa a festa
guerreira para escolher o esposo de Araci; entre todas as festas, esta é a
única que as mulheres podem marcar presença, segundo o rito de Tupã.
A grande nação dos
Tocantins cerca toda a campina e no meio estão os anciãos. Aparece Araci,
"a estrela do dia, que há de ser o prêmio da constância e fortaleza do
mais destro guerreiro."
Jacamim acompanha a
filha e se lembra do tempo em que Itaquê a conquistou e brigou por ela com os
guerreiros mais fortes da tribo.
Está armada a festa;
Itaquê está orgulhoso como pai. E começam os cantos nupciais.
Ao comando de Itaquê,
começaram os combates. Os guerreiros se esforçam ao máximo para conseguir
ganhar e sucediam-se as provas. Ms Jurandir saiu-se vencedor em todas elas.
o pajé levantou a
tampa de um vaso e Jurandir colocou lá a mão. Era mais uma prova . Havia ali,
colocado por Itaquê, um formigueiro de saúvas pronto a devorar a primeira
presa. Mas Jurandir, fitando Araci, sorria feliz.
Tanto picaram o
guerreiro (e este enquanto isso cantava para a amada!) que foi preciso quebrar
o vaso para retirar-lhe de lá a mão. Mas o grande pajé esfregou na pele do
guerreiro o suco de uma erva e a dor e a inchação logo desapareceram.
A última prova era a
da corrida. Araci deveria vencê-lo e Jurandir sabia que poderia fazê-lo, caso
quisesse, mas tornou-se o vencido e , ao término da corrida, tomou-a nos braços
e levou-a para "a cabana de amor"que tinha construído perto do rio.
Mas antes que
transpusesse a porta, chegaram os guerreiros com um recado de Itaquê: ele tinha
que dizer quem era, porque ninguém da taba o conhecia.
VII. A guerra - Ao
identificar-se, Ubirajara cria um conflito complicado: seu prisioneiro de
guerra, a quem deve matar, é seu cunhado. Declara-se a guerra entre araguaias e
tocantins.
Itaquê o esperava
sentado na cabana, junto com os anciãos. Jurandir entrou, Araci ficou na porta,
orgulhosa do marido.
Itaquê arquejou, e
lamentou que estivesse frente a frente com o matador de seu filho Pojucã;
tinha, no entanto, que respeitar a lei da hospitalidade e tratá-lo com
dignidade e respeito.
Mas Pojucã não estava
morto, todos desconheciam isso. Jacamim, mãe de Pojucã e de Araci nega-se a
chorar na frente do guerreiro.
Itaquê troca com ele
a fumaça da despedida, mas avisa que assim que ele sair dos seus domínios, mil
guerreiros ou mais irão ao seu encalço e vingar-se-ão dele pelo mal praticado.
Ubirajara foi até os limites da aldeia e, depois, apagou no chão o vestígio de
seus passos.
Embora Araci queira
estar com ele, o guerreiro não aceita, dizendo que se Itaquê "respeitou a
lei da hospitalidade no corpo de Ubirajara; Ubirajara não deixará a traição na
terra estrangeira." E quando o marido partiu, Araci foi para a cabana,
fechou a porta e cantou sua tristeza.
Ubirajara partiu para
sua tribo e, depois de dois dias de viagem, lá chegou e convocou os guerreiros
para a guerra com o que pretendia ter de volta Araci. Manda chamar Pojucã e
pede que ele vá para os seus.
E, então, com o apoio
do pai e dos guerreiros, preparou-se para a guerra.
Mas quando Ubirajara
se aproximou dos campos dos tocantins, viu que uma nação tapuia se preparava
para assaltar a tribo de Itaquê.
Ubirajara mandou
entre eles um arauto, pedindo que "encostem o tacape de guerra". Mas
recebe como resposta a informação de que "Cranicã veio trazido pela
vingança. Pojucã, um dos chefes tocantins, penetrou na sua taba e incendiou a
cabana do pajé, que foi devorado pelas chamas."
Ubirajara reconhece
que Itaquê deve enfrentar a guerra que Pojucã buscara.
Ubirajara manda um
recado a Itaquê e diz o que está acontecendo. Observa que o coração dele é de
Araci e que se Itaquê aceitar, ele combaterá ao seu lado.
VIII. A batalha -
Quando Ubirajara vem com seu povo, os tocantins são atacados pelos tapuias. Um
curumim tapuia cega o velho chefe tocantim. Os tocantins ficam sem liderança.
A um lado da imensa
campina move-se a multidão dos guerreiros tocantins, do outro lado, a multidão
dos
guerreiros tapuias.
As duas nações se
estendem como dois lagos formados pelas grandes chuvas, que se transformam em
rios e atravessam o vale.
Os dois povos
esperavam a batalha; Itaquê achou-se frente a frente com Canicrã; dez vezes
tinham combatido e em nenhuma tinha havido um vencedor e talvez fosse preciso
que um deles morresse para que possível fosse quebrar a fecha da paz entre as
nações. "Quando os dois chefes se encontraram, os guerreiros ficaram
imóveis, contemplando o pavoroso combate." Ubirajara contemplava tudo de
longe, imaginando o quanto seria feliz se pudesse enfrentar em combate a ambos.
Pahã, filho mais novo
de Canicran, assiste a tudo e, quando vê Itaquê desferir um golpe contra o pai,
solta duas flechas em direção ao chefe tocantim e cega-lhe os dois olhos. O
menino foge, mas é alcançado por um guerreiro e , aprisionado, é levado na
manhã seguinte, por Ubirajara, à frente de Itaquê. Levou-o para ser escravo do
velho chefe, mas Itaquê recusa a oferta e liberta o garoto.
Itaquê pede ao filho
Pojucã que envergue o seu arco, que assuma seu lugar de líder. Mas, ao fazê-lo
durante uma reunião com os inimigos, Pojucã, sem pensar no que fazia como
afronta, dispara a flecha em direção à cabeça de um chefe tapuia, cravada na
estaca, à entrada da taba.
Pojucã, chegou,
então, à conclusão de que o filho era imatura e não merecia a chefia.
IX. União dos arcos -
Ubirajara consegue dobrar o arco de Itaquê, tornando-se o novo chefe da nação
de Pojucã e Araci. Une ao arco do chefe cego o seu próprio arco, herdado de seu
pai, simbolizando assim a união das duas bravas nações.
Os tocantins estavam
sem chefe: Itaquê cego e Pojucã, seu único filho, incapaz de empunhar o arco de
chefe. Itaquê lamenta não poder combater sem a luz dos olhos.
Um mensageiro de
Itaquê o precedera no campo dos araguaias; levado por Araci. Ubirajara ficou
feliz ao ver a esposa e saúda o sogro dizendo que o combateria, se ele
estivesse trazendo a guerra e o abraçaria, se trouxesse a paz.
E o velho chefe
tocantim pede ao guerreiro que tome a frente das batalhas. E Ubirajara, feliz,
vai ao combate em nome das duas tribos. Ao final, rompe a liga de Araci e
leva-a para a cabana do amor.
Após os combates,
Ubirajara fica com as duas mulheres: Araci e Jandira. A tribo dos araguaias e
dos tocantins formaram uma única nação, que tomou o nome do herói: ubirajaras.
Personagens:
Ubirajara, personagem
protagonista, é o herói do livro. Aparece nos capítulos iniciais com o nome de
Jaguarê, guerreiro da tribo dos araguaias, antes de se tornar "o senhor da
lança", Ubirajara e chefe de sua tribo em substituição ao pai, depois de
ter vencido Pojucan.Quando vai servir Itaquê para obtr como esposa Araci, o
nome adotado por ele entre os tocantins é Jurandir.
Jandira, virgem
araguaia, filha de Majé, prometida de Jaguarê, mas por ele desprezada quando se
torna guerreiro. A noiva desprezada tenta matar a rival, mas é surpreendida por
Ubirajara que a entrega como escrava a Araci. Esta, afinal, entrega-a ao
guerreiro como segunda esposa, considerando isso justo já que ele uniu os arcos
das duas nações. Inicialmente, Jandira era da opinião de que não se deve
dividir o marido, mas no final da narrativa aceita a proposta de Araci,
dividindo com ela o amor de Ubirajara.
Araci, a estrela do
dia, virgem filha do chefe tocantim, Itaquê, conquistada por Ubirajara, que é
obrigado a lutar, e vencer todos os outros pretendentes. Araci aceita dividir o
esposo com outras, conforme tradição de seu povo.
Pajucã, cujo nome
significa “eu mato gente”, é guerreiro tocantim, filho de Itaquê, irmão de
Araci. Guerreiro forte e invencível até conhecer Ubirajara, de quem se torna
prisioneiro.
Itaquê, pai de Araci
e Pojucã, velho chefe dos tocantins.
Jacamim, mulher de
Itaquê, mulher que não exige exclusividade no amor, conforme a tradição de seu
povo. Assim, como em outros povos, é ela quem planta, como também as outras
mulheres casadas, pois, segundo suas crenças, a mulher transmite à terra sua
própria fertilidade, possibilitando melhores colheitas do que se as sementes
fossem plantadas pelos homens ou pelas virgens.
Camacã, pai de
Ubirajara.
Canicran, terrível chefe
dos tapuias, vencido por ltaquê, que rompe sua cabeça em dois pedaços como se
fosse um coco.
Pahã, cujo nome
significa “a seta”, é o filho mais moço do chefe tapuia, Canicran. Importante
para o relato, pois é ele quem cega com duas flechadas o velho chefe Itaquê. A
sua função na estruturação da trama é fácil de ser percebida, deixar a nação
tocantim sem o líder para que Ubirajara possa assumir o posto e unir as nações
araguaia e tocantim, objetivo fundamental do romance.
Temática
A temática amorosa revela
tanta importância quanto a temática da honra. Durante todo o relato, o amor
sobrepuja as maiores dificuldades. O tema da honra, simultaneamente, aparece a
todo instante: Pojucã teme ser mantido prisioneiro em vez de ser sacrificado,
porque isso o desonraria; Itaquê não ataca nem deixa ninguém atacar Ubirajara
ao saber que aprisionara Pojucã, pois estaria desrespeitando a lei da
hospitalidade; Ubirajara não permite que Araci o acompanhe, pois estaria
desonrando Itaquê que o respeitara, e assim por diante. Todos procuram se
manter honrados dentro dos princípios e da tradição de seu povo.
Assim como em O Guarani em Iracema encontramos também na obra em estudo
a idealização do índio. O mito do bom selvagem tem suas bases na teoria de
Rousseau de que o homem é naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe.
Então, o índio integrado à vida natural é símbolo de autenticidade e pureza. (
passeiweb.com )
“Ubirajara” é um dos
mais emblemáticos romances da Literatura Brasileira, escrito por José de
Alencar e publicado em 1874. Juntamente com “Iracema” e “O Guarani”, trata-se
de uma obra indianista do autor, a última que ele escrevera dentro desse
contexto. Alencar busca com “Ubirajara” resgatar a essência dos indígenas e sua
rica cultura, que antecede qualquer contato com o homem branco e, de fato, o
livro se passa numa era anterior à descoberta dos portugueses, ao contrário de
“O Guarani” e “Iracema”, que já contavam com a contaminação da cultura
europeia. José de Alencar tenta resgatar a nacionalidade do povo brasileiro,
cuja base formadora sempre fora o indianismo, essencial para fortalecer o
espírito do brasileiro. Em “Ubirajara” o escritor resgata os maiores e mais
importantes valores da cultura indígena, como a fidelidade, a valentia, a
lealdade, o destemor e a bravura. Certamente, José de Alencar foi o escritor
brasileiro que mais defendeu os valores indígenas, culpando sempre a intrusão
do homem branco pela perda cultural e de fé dos índios, que passaram a adotar
crenças e posturas que não lhes pertenciam. A obra se inicia com o aviso
deixado pelo escritor: “Este livro é irmão de Iracema”.
Ubirajara - A busca
pelo titulo de guerreiro
O protagonista da
obra é o jovem Jaguarê, caçador pertencente a tribo Araguaia. Caso guerreasse
com um inimigo, saísse vencedor e conseguisse leva-lo para sua taba, poderia
receber o título de guerreiro que tanto almejava. Assim, o jovem parte para
buscar em terras vizinhas alguém que pudesse desafiar e entrar em combate.
Porém, antes de encontrar qualquer possível inimigo, Jaguaré avista uma índia
tocantim, a bela e virgem Araci, filha do chefe da tribo. Ela lhe informa que
em sua tribo cem guerreiros disputarão seu coração, e convida o jovem Araguaia
a alistar-se entre eles. Jaguaré, no entanto, prefere dizer-lhe que mande todos
os pretendentes terem com ele para entrarem em combate.
Assim que Araci
parte, aparece Pojucã, também da tribo tocantim. Ocorre então um combate entre
ele e Jaguarê, no qual o índio Araguaia sai vencedor. Leva Pojucã então para
sua taba e o deixa aprisionado, para que possa tirar sua vida no momento
adequado. Recebe o nome de Ubirajara, o senhor da lança.
Desafiando os
oponentes para casar-se com Araci
Em seguida o jovem
guerreiro Ubirajara parte para a tribo dos Tocantins, interessado em desposar
Araci. No entanto, ele já tinha uma noiva, a Araguaia Jandira, que não aceitava
ser esposa de outro homem e fugira para a floresta.
Ubirajara chega a
tribo de Araci e, com a permissão da lei da hospitalidade, não se identifica
verdadeiramente, adotando o nome de Jurandir. Desafia e combate com os demais
guerreiros, ganhando o direito de casar-se com a jovem tocantim que tanto
desejava. No entanto, é obrigado a identificar-se antes da noite de núpcias, o
que gera demasiado constrangimento, pois o jovem tocantim que Ubirajara
aprisionou era irmão de Araci. É declarada guerra, e assim Ubirajara liberta
Pojucã para que ele possa lutar junto de sua tribo.
Declarada guerra
Antes que araguaias
pudessem iniciar os ataques, surgem os índios tapuias, que tinham o direito de
guerrear antes do araguaias, enquanto eles esperavam. Itaquê, chefe da tribo
tocantim e pai de Iraci, consegue vencer o chefe tapuia, mas acaba ficando cego
e assim impossibilitado de continuar liderando seu povo. Para definir quem
seria seu sucessor, os índios deveriam dobrar seu arco e atirar, mas nenhum
deles conseguira. Assim, convidam Ubirajara para fazê-lo, e o jovem Araguaia
consegue com grande força e destreza, emocionando o sogro Itaquê. Ubirajara,
então, une os dois arcos e as nações Tocantim e Araguaia, dando origem a tribo
Ubirajara. Como prêmio por seu ato, ganha também o privilégio de ter duas
esposas: Jandira e Araci.
Assim é contada a história do povo que durante muitas décadas habitava
e dominava as redondezas do Rio São Francisco, antes da chegada dos portugueses
e do descobrimento do Brasil. (livroseresumos.com )
Ubirajara, é um
romance que narra a história de um índio guerreiro, que por sua força e garra
conquistava tudo que queria. O autor, começa a narração falando das nações indígenas
existentes na época, e que Ubirajara era irmão de Iracema. Sua primeira
atividade foi a caça, e como obtinha muito sucesso nesta atividade, recebeu o
nome de Jaguaré, tipo de onça feroz que não deixava escapar suas presas. Era
admirado por todos, e as virgens disputavam o seu amor, mas havia uma moça que
se chamava Jandira, que fora prometida para ele seu nome Jandira, tinha o
significado 'Jandaíra' relativo a um tipo de abelha.
Um dia, Jaguaré,
estava caçando e encontrou outra virgem muito bela, que pertencia a tribo Tupi,
e logo apaixonou-se por ela, seu nome era Araci, que significa estrela do dia.
Ela também gostou dele e lançou um desafio para a sua conquista: aquele que
fosse melhor guerreiro teria o seu amor.
Jaguaré, aceitou o
desafio, e quando se preparava para a luta, encontrou um guerreiro da tribo
tupi e travou com ele uma luta que durou muitas horas, porém Jaguaré, saiu
vencedor e levou seu inimigo preso para ser morto no tempo certo. Todos da
tribo Araguaia, festejaram a vitória de Jaguaré.
Depois ele voltou
para lutar pela Araci, na tribo dos Tocantins. Lá foi recebido com honras, como
qualquer hóspede, os anciões deram-lhe o nome de Jurandi, que significa aquele
que veio da luz ou trazer luz. Logo ele viu Araci, e ambos ficaram encantados;
Jurandi revelou a seu pai que queria a virgem por esposa, e foi lançado as
provas de coragem entre todos os pretendentes e Jurandi venceu todas e obteve o
consentimento do pai, mas quando Jurandi, revelou sua verdadeira identidade,
tudo ficou complicado, porque o guerreiro inimigo que era seu prisioneiro, era
o irmão de Araci. Foi aí que a luta seria maior.
Ubirajara, voltou à
sua tribo, libertou o prisioneiro, e convocou a todos os guerreiros de seu povo
para atacar os Tocantins, mas quando eles se preparavam para a batalha,
souberam que os tabuias, estavam em guerra com os Tocantins e ofereceram ajuda
aos araguaias, porém Ubirajara mandou um recado que não precisava de nenhum
aliado para vencer aos dois grupos. Na guerra dos tapuias com os Tocantins,
resultou na morte do maior guerreiro dos tapuias e o chefe dos Tocantins perdeu
a visão. Quando os araguaias, chegaram na tribo tupi, Ubirajara pediu ao
guerreiro cego que lançasse seu arco e duas cetas se cruzaram no espaço e a paz
foi feita entre as duas tribos, e assim Araci, foi com o seu marido para as
núpcias em sua cabana, ela rompeu a liga da virgindade e colocou-a no braço do
marido. Estendeu a rede nupcial e foi buscar Jandira, que fora dada a ela por
escrava pelo Ubirajara, e deu ao marido como esposa, as duas se tornaram
esposas do maior guerreiro Araguaia Tocantins. A união dessas duas nações
resultou no surgimento de uma nova nação que recebeu o nome de ubirajara, eles
dominaram o deserto, por muito tempo.
Comentário
Através desse romance,
podemos conhecer os costumes, crenças e toda forma de vida dos povos primitivos
do Brasil. Alencar, descreve com clareza, de modo que é possível analisar
antropologicamente e sociologicamente, como se estivéssemos vivenciando cada
acontecimento do momento. É lamentável, que um povo tão puro e honesto, possa
ter sido tão desrespeitado, e tão incompreendido em todos os aspectos. Seria
maravilhoso se pudéssemos recuperar a dignidade desses povos, pois só assim,
seríamos brasileiros de verdade, muito me orgulho em ser descendente dessas
nações. Viva a nossa cultura indígena!
( algosobre.com )
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