sábado, 23 de julho de 2016

Ulisses - James Joyce

Paródia e reinvenção contemporânea da clássica "Odisséia" de Homero, "Ulisses", de James Joyce, pretende resumir as variadas e possíveis experiências do homem moderno, o homem do século XX. Para isso, narra a vida dos personagens Leopold Bloom e Stephen Dedalus ao longo de um dia - 16 de junho de 1904 - em Dublin, capital da Irlanda. Considerado o livro de ficção do século pela maioria dos críticos, "Ulisses" é inovador e revolucionário. Nele, James Joyce rompeu com todos os preceitos fundamentais que embasavam até então (1922) o romance, sobretudo em termos narrativos e lingüísticos, criando formas de expressão como o "0 fluxo de consciência" e o "monólogo interior". "Ulisses" é, em suma, fundamental.

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Ulisses - James Joyce - Escrito por James Joyce entre os anos de 1914 e 1921, Ulisses (Ulysses) foi composto em diversas cidades: Paris (França), Zurique (Suíça) e Trieste (Itália). Publicado em 1922 em Paris, chegou a ser proibido em alguns países por ter, em suas páginas, alguns aspectos impublicáveis da fisiologia humana. A obra de Joyce é uma paródia de A Odisséia, de Homero. O personagem principal de A Odisséia, Odisseu, é representado por Leopold Bloom, um agente de publicidade dublinense que condensa a viagem de Odisseu em apenas um dia.

Na obra de Joyce, todas as ações do personagem principal ocorrem no dia 16 de junho de 1904. A recriação do épico de Homero pode ser exemplificada pelos três principais personagens do romance. Leopold Bloom representa Ulisses, Molly Bloom, mulher de Leopold, representa Penélope e Stephen Dedalus representa Telêmaco.
O romance apresenta dezoito episódios, seis a menos dos que compõe A Odisséia. Joyce opta por suprimir alguns capítulos da obra grega, antecipa alguns e posterga outros. Desta forma, dá ênfase aos processos psíquicos dos personagens, que é o ponto que mais lhe interessa.
Apesar de baseado em heróis gregos, os personagens de Joyce apresentam características psicológicas bastante diferentes dos descritos por Homero. Stephen Dedalus é um erudito, Molly Bloom representa uma mulher adúltera e Leopold Bloom é um homem típico de classe média de Dublin: desajeitado, engraçado, reflexivo e coloquial.
Na obra de Homero, encontramos as aventuras de um herói, Odisseu. Há também sua esposa Penélope, que se manteve fiel ao marido, aguardando-o mesmo com o assédio de vários pretendentes. Completando, há Telêmaco, em constante busca pelo pai Odisseu.
Em paródia à obra de Homero, encontramos no romance de Joyce um marido traído (Leopold Bloom) que vive procurando por seu filho (Stephen Dedalus) e uma mulher infiel (Molly Bloom), que comete adultério naquele dia.
O romance é considerado uma paródia moderna, na qual há o predomínio da auto-reflexividade. Neste tipo de literatura, há uma reativação do passado (no caso, a obra de Homero), dando-lhe um novo contexto e ressaltando a diferença de duas épocas.
Bloomsday
Em homenagem ao romance de Joyce, foi criado o Bloomsday, em referência ao sobrenome do casal Bloom. Tamanho o culto ao livro que em todo dia 16 de junho comemora-se o Bloomsday na Irlanda e em outras partes do mundo. Na cidade de Dublin, os fãs de Joyce refazem o caminho percorrido por Leopold Bloom e Stephen Dedalus pelas ruas de acordo com a descrição encontrada na obra. No Brasil, este dia é comemorado na cidade de Santa Maria (Rio Grande do Sul) desde 1994. ( Felipe Araújo ) Por este link se alcança maiores aprofundamentos sobre essa obra : http://www.germinaliteratura.com.br/literatura_jan2007_allandeabreu.htm

Ulisses - James Joyce  - Um homem sai de casa pela manhã, cumpre com as tarefas do dia e, pela noite, retorna ao lar. Foi em torno desse esqueleto enganosamente simples, quase banal, que James Joyce elaborou o que veio a ser o grande romance do século XX.
Inspirado na Odisseia de Homero, Ulysses é ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904. Tal como o Ulisses homérico, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referências culturais, num caleidoscópio de vozes que tem desafiado gerações de leitores e estudiosos ao redor do mundo.
O culto em torno de Ulysses teve início antes mesmo de sua publicação em livro, quando trechos do romance começaram a aparecer num jornal literário dos EUA. Por conta dessas passagens, Ulysses foi banido nos Estados Unidos, numa acusação de obscenidade, dando início a uma longa pendenga legal, que seria resolvida apenas onze anos depois, com a liberação do romance em solo americano.
Mas, para além das disputas e polêmicas, Ulysses segue como um divisor de águas por conta do êxito do autor no principal ponto do romance: esticar e moldar a língua inglesa ao limite, a fim de retirar disso um retrato fiel, divertido e comovente do que se convencionou chamar de o “homem moderno”.
Em seu clássico estudo sobre a obra de James Joyce, Homem comum enfim, o crítico e escritor britânico Anthony Burgess afirma que, “se alguma vez houve um grande escritor popular, Joyce foi este escritor”. Guiado por esse espírito eminentemente democrático da escrita joyceana, Caetano Galindo realizou esta nova tradução de Ulysses, a fim de captar “a imensa gama de cores, registros, estilos, recursos e efeitos” de sua prosa revolucionária. ( Companhia das Letras )

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Ulisses - James Joyce - Ulisses é um romance extremamente complexo escrito por James Joyce e publicado em 1922. O livro supostamente é uma recriação moderna da Odisseia de Homero. Leopold Bloom é o Odisseu do século XX em busca de sua Penélope. Ele é o heroi judeu em uma Irlanda católica. Em um dia de 1904, ele sai de casa junto com seu amigo Stephen Dedalus. O objetivo de Bloom é retornar ao fim do dia para a sua casa e sua esposa. O enredo parece simples, mas a linguagem que Joyce emprega torna a leitura uma árdua tarefa que requer uma certa experiência e um amplo vocabulário. Durante o desenvolvimento do romance, Joyce faz inúmeras criações de novas palavras e utiliza um vocabulário enorme, que ultrapassa mais de 265.000 palavras. A cada página o romance tem uma reviravolta, pois o autor inventa diversas situações que não estão ligadas necessariamente às anteriores. Ulisses é uma experiência fantástica de linguagem e imaginação. A todo o momento Joyce surpreende o leitor com o uso revolucionário das situações e com a criação de um mito moderno. Quando lemos o Ulisses fazemos uma viagem pela Irlanda e pela Europa. Diversas línguas são utilizadas. O recurso que Joyce usa com frequência é o da livre imaginação. Os personagens de Bloom e Dedalus vão se encontrando com outros irlandeses em situações que quase sempre se revelam improváveis. Joyce faz alusões ao judaísmo de Bloom através de outros personagens e também ao catolicismo de maneira fragmentada. Pessoas obscuras e o mito povoam o romance e contracenam com Bloom. Provavelmente o autor quis criar diálogos entre Bloom e os outros para fazer uma apresentação da situação da Europa naquele início de século. Bloom e Dedalus conversam entre si de maneira alucinada que parece um verdadeiro monólogo. Pelo uso estranho que Joyce faz da linguagem, o limite que separa-o da genialidade à esquizofrenia é mínimo. O texto do livro é fragmentado da mesma forma que o pensamento de um esquizofrênico e muito por causa disso o livro torna-se complicado de se ler. Joyce usa comparações explícitas com funções corporais, o que devia ser chocante para a conservadora sociedade de seu tempo. Explicar a quem for ler o Ulisses as milhares de outras citações que o autor faz é tarefa impossível. Muito do significado da obra foi perdido durante a tradução. Aqui no Brasil quem fez uma experiência com o texto da mesma forma que Joyce foi Guimarães Rosa com o Grande Sertão:Veredas. Outra comparação que pode ser feita é com o Fausto II de Goethe. Tal como naquele livro, o Ulisses é recheado de alusões a figuras mitológicas ou imaginárias em situações fantásticas. Em determinado momento, o Ulisses fica parecendo uma peça de teatro que lembra muito a clássica noite de Valpúrgis do Fausto II. A última parte do livro mostra Bloom reencontrando-se com sua mulher Molly. É preciso ter fôlego para ler essa parte uma vez que Joyce ignora o uso da pontuação. O objetivo de Bloom foi alcançado; sua mulher, então, passa a recordar muito de sua própria vida. Ela termina com as famosas palavras de recordação de seu marido pedindo-a em casamento. As palavras são: “ e eu pensei tão bem a ele como a outro e então eu pedi a ele com os meus olhos para pedir de novo sim e então ele me pediu quereria eu si dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu pus os meus braços em torno dele sim e eu puxei ele pra baixo pra mim para ele sentir meus peitos todos perfume sim o coração dele batia como louco e sim e disse sim eu quero Sims.” James Joyce criou um texto propositadamente obscuro para garantir a imortalidade, conforme ele mesmo disse. Acredito que qualquer tentativa de revelar e explicar essa obra nunca será definitiva. Joyce realmente criou um enigma para ser decifrado pelos séculos vindouros. Li a tradução de Antônio Houaiss que achei excelente. Algumas edições parecem vir com as divisões de capítulos que nos remetem à Odisseia de Homero. Essa que eu li não tem, o que dificulta o entendimento da obra. O que o Ulisses tem de mais interessante é a riqueza da linguagem e o experimentalismo de Joyce. Isso foi o que mais me prendeu a atenção, já que valorizo muito o uso que o autor de um livro faz do vocabulário de sua língua. São milhares de verbos, adjetivos e nomes próprios que abundam no livro. Durante o folhear das páginas é como se um dicionário fosse aberto. As possibilidades do texto são inúmeras e quem for ler essa obra não deve pensar que vai se deparar com um romance comum. Joyce não era um conservador como Thomas Mann, mas um modernista que desejava inovar. Nunca havia lido um livro tão desafiador como Ulisses. Parece que o texto é a reprodução do inconsciente de James Joyce. De fato é um livro muito estranho que parece escrito por um homem que está à beira da loucura. Se acima eu havia dito que Ulisses lembra em algumas partes o Fausto II, seria também importante compará-lo com o livro vermelho de Jung. Jung leu o livro de Joyce e tratou a filha do autor irlandês de esquizofrenia. Jung sentiu-se desafiado pela leitura do Ulisses. Lia as páginas e achou que era feito de bobo. Os dois livros são o encontro de seus autores com seus respectivos inconscientes. Joyce e Jung se consagraram, mas Jung quase enlouqueceu com sua experiência. Joyce dá a impressão de estar fazendo psicoterapia durante o desenvolvimento do livro. Tal como no tratamento com o psicólogo, Joyce vai fazendo uma livre-associação de palavras e ideias para o leitor que parece fazer o papel de terapeuta. Ulisses é fascinante e deve ser lido por todos aqueles que desejam se aventurar em um dos grandes romances do mundo moderno. ( FELIPE PIMENTA )

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Ulisses - James Joyce - Dublin, Irlanda. O enredo intrincado e poético, espécie de "reinvenção" do personagem mítico de "A Ilíada" e "A Odisséia", do poeta cego Homero, possui inúmeros personagens e cabe no cotidiano de um dia: 16 de junho de 1904, precisamente em dezoito horas. Tudo gira em torno de Stephen Dedalus (Telêmaco) e o casal Leopold Bloom (Ulisses) e Molly (Penélope).
(No poema grego, Ulisses, casado com Penélope, deixa-a e o filho, Telêmaco, lançando-se numa jornada durante dezoito anos. Somente ao retornar é que Penélope deixará de fiar, desfiar e refiar, bordar, desbordar e rebordar sua teia, sem ceder aos apelos dos inúmeros pretendentes à sua mão, depois derrotados por Ulisses e seu filho.)
Leopold Bloom é judeu e trabalha como agenciador de anúncios para jornal, é livre pensador de cultura mediana, mas de infinita admiração pelo que supõe ser cultura, é infeliz no casamento e tem uma filha, Milly (já desperta ao sexo). É discriminado por sua delicadeza e urbanidade de trato, por sua ascendência — ora é irlandês, ora judeu, ora estrangeiro, ora cidadão do mundo, suspeito e segregado. A tristeza recorrente em sua vida, e na da esposa, é o filho varão natimorto, personagem que como rima reaparece na mente de ambos, ausência presente que impediu a felicidade do casal.
Molly é aquela que podia ou teria querido casar melhor, é a que amou o esposo e não sabe se deixou de amá-lo, é a que o trai imaginariamente, é a que, no devaneio, recapitula amores, recapitulados também pelo esposo. A contagem do casal não coincide: ela não conta os quase-casos, ele os conta em parte, mas omite, ao que parece, alguns reais casos. Molly é humaníssima — Gea Tellus, a Terra Fecunda, a Terra-Mãe —, fora educada para ser dona-de-casa, mas falha nas tarefas.
No decorrer do dia, Stephen Dedalus e dois colegas, albergados nas ruínas de uma torre à beira-mar, debatem temas essencialmente teológicos e teleológicos. Depois, Stephen dá uma aula de história a garotos e recebe um salário. Caminha por uma praia, ruminando os pensamentos e ''lendo'' a marca de cifras, símbolos e signos nas coisas e seres. Entra em cena Bloom, matinal, ''conversando'' com a gata, preparando o desjejum da esposa, antegostando o seu. Sai e perambula por Dublin, a cidade personagem. Chega à casa de um amigo morto, cujo enterro acompanhará. Na redação do jornal, assiste a parte de um diálogo brandido por uns intelectuais presentes, Stephen, inclusive, mas não se conheciam. Vai, a seguir, almoçar, e peregrina em busca de local adequado. Depois, ruma para uma consulta à biblioteca central, e continua suas andanças pelas ruas, temeroso de voltar cedo para casa. Detém-se num bar e ouve músicas e árias que o inebriam. Passa por uma taverna, visita um hospital, participa de uma comemoração improvisada entre médicos, estudantes e visitantes, inclusive, Stephen, impressionando-se pelo verbo deste, vendo-o endinheirado e quase bêbado, o que o preocupa. Iniciam um relacionamento interafetivo, em que todas as falhas de cada um, se juntam no convívio de algumas horas do dia, até que o novo amigo chega a dividir o leito interconjugal do casal. Ao final, Molly, antes de redormir, recapitula o dia e parte de sua vida, num fluxo psíquico, entre lúcida e ilúcida, num derramamento monologal que constitui o clímax do romance. ( Elson Teixeira Cardoso )

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