"Médico
de Homens e de Almas" levou quase meio século para ser escrito , tempo
em que a escritora Taylor Caldwel dedicou à pesquisa de mais de 1000
livros para fazer um relato fiel do personagem Lucano, hoje conhecido
por todos como o evangelista Lucas.
Uma
dedicação extrema que certamente seu amor pela arte literária foi a mola
propulsora para atingir seu objetivo: legar à posteridade uma
fascinante obra sobre a figura humana especial que foi Lucas
À
medida que descreve a infância de Lucano, seu caráter reto, sua
filiação, seus amores e interesses, a autora conduz o leitor com muita
veracidade aos ambientes da época, usos, costumes, criadagem , jardins
bem cuidados.
Pela descrição, Lucano era tão belo quanto uma divindade grega, uma beleza também moldada na inteligência e bondade.
A
busca pelo "Deus Desconhecido" torna-se presente na vida de Lucas desde
muito cedo. Respeitava as divindades gregas, mas em seu íntimo buscava
pelo Altíssimo, um Deus que não fosse cheio de vícios, rancores e
paixões como os deuses gregos e romanos..
E
teve certeza de que era realmente a Ele que buscava, quando ainda
criança, presenciou do jardim de casa a estrela que anunciava a chegada
do Salvador.
Um
novo contato com Cristo, à distância também , aconteceu já na idade
adulta e já médico formado. Estava na porta de casa quando o céu
escureceu, como se a noite atropelasse o dia.
Era o
momento da crucificação, como soube mais tarde , relato feito na 3ª
parte do livro, momento em que reencontra seu irmão Prisco, soldado
romano que participou de toda a cena do Calvário.
Apesar
de contemporâneo de Jesus, Lucas nunca esteve com Ele. Tudo que relata
em seu evangelho foi escrito ouvindo testemunhas que participaram da
vida de Jesus. O livro narra de forma emocionante sua visita à Maria ,
mãe de Jesus onde ela relata a Lucas detalhes da "Anunciação do Anjo" e
sua visita a Isabel.
Além
dela, também entrevistou Pedro, João e outros discípulos. Sua vida era
viajar em busca das verdades sobre a vida de Cristo.
Diante
da perda de seu primeiro grande amor, Rúbria" , que faleceu ainda
adolescente , Lucas desacreditou, recolheu-se no seu "deserto
espiritual" revoltado contra esse Deus que ele nem conhecia. Após a
perda também do pai e depois do padrasto , sua frustração contra Deus
aumentou.
Mas assim como acontecimentos contrários frustraram-lhe na fé , outros acontecimentos positivos o trouxeram de volta.
A
caminhada de Lucas em busca do "Deus desconhecido" é longa, cheia de
dúvidas e questionamentos. Mas tudo em sua vida parecia conduzi-lo à
Luz que procurava. E quando finalmente a encontra, então acontece a
conversão.
Também
o livro descreve a política de Roma, suas orgias, vida de prazeres
luxuriosos, ricos palácios, o poder de César e a opressão do povo. Tudo
na na segunda parte do livro, onde a autora relata a ida de Lucas para
Roma a fim de concluir seus estudos em medicina. Uma vida de orgias,
da qual Lucas não fazia parte, mas que mantinha relações de amizade com
alguns dos políticos da época, pois seu falecido padrasto fora um
membro muito respeitado do senado
Longe
de ser um livro que se presta a evangelizar, antes de tudo é uma obra
biográfica muito bem escrita e rica em detalhes que traça o perfil e a
caminhada difícil e cheia de acontecimentos marcantes de um dos maiores
evangelistas . ( kantinhodaedite.blogspot.com )
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No livro, a autora chama São Lucas pelo
seu nome original, Lucano. Lucano nasceu em Antioquia, (atual Turquia),
mas considerado como grego na obra. Lucano era filho de dois escravos
libertos, Iris e Enéas. Seus pais serviam ao tribuno romano Diodoro, um
proconsul romano que tinha características bem humanas, como não
sucumbir a devassidão existente em Roma, além de tratar muito bem seus
escravos.
Diodoro era a expressão da autoridade
da casa. Era o que se chamava de "pater-familias", expressão de maior
autoridade na casa. Era o pai, além de magistrado romano. Para São
Lucas, filho de dois ex-escravos, as chances de conseguir estudar eram
pequenas. Mas a autora conduziu a história a nos mostrar que Deus já
olhava por aquela criança.
Lucano era "companheiro de brinquedos"
da pequena Rúbria, filha de Diodoro e os dois logo ficaram amigos.
Rúbria sofria da temível "doença branca", que vai minando as energias
aos poucos. Supus que a "doença branca" seria uma espécie de leucemia.
Na casa de Diodoro havia muita
influência de diversas culturas. Mesmo sendo romano, tinha escravos
gregos, serviçais oriundos de outros povos e muita informação tinha
chegado aos ouvidos do menino Lucano.
Lucano soubera na casa de Diodoro, casa
que sempre vivera, que havia um Deus, maior do que todos os deuses
gregos e romanos. Ele não sabia o Seu nome, mas sabia que ele era
poderoso e acima de tudo, misericordioso e bom, o que era totalmente
diferente dos deuses até então cultuados.
Em determinada tarde, Diodoro vê o
menino Lucano rezando para o Deus Desconhecido, pedindo pela cura de sua
amiguinha Rúbria, muito embora todos naquela casa fossem politeístas e
seguissem a religião dos romanos. Diodoro fica impressionado com a
desenvoltura daquela criança, que falava que o Deus Desconhecido seria
tão amoroso que só queria ver o bem dos homens. Lucano entrega a Diodoro
algumas plantas e orienta o pai da menina fervê-las e dar a menina,
receitando o remédio que poderia livrar a pequenina da "doença branca".
Para espanto do governador romano, as plantas fazem bem para Rúbria e
Lucano ganha especial espaço no coração daquele tribuno.
Diodoro, o rico mandatário de Roma,
pergunta, então para o menino o que ele gostaria de ser quando fosse
adulto. Lucano responde prontamente que queria ser médico. Diodoro
promete que Lucano estudaria na faculdade de medicina de Alexandria, no
Egito, quando tivesse idade para tal. Era a maior universidade de
medicina do mundo conhecido até então.
Enquanto Lucano ainda fosse criança,
podia acompanhar seu médico pessoal de Diodoro, o escravo Keptah e
aprender tudo o quanto fosse possível a respeito de tratamentos e
medicina. E para a educação de sua filha Rúbria, Diodoro comprou um
preceptor, um professor grego chamado Cusa. Diodoro, o bom romano,
permitiu que Lucano, além de aprender com o médico, também tomasse aulas
com Cusa, juntamente com a sua filha.
Enquanto vai crescendo, Lucano vê a
Estrela da Natividade quando era ainda menino. De Antioquia, onde vive,
Lucano vê a brilhante estrela que guiou os três Reis Magos até a pobre
manjedoura em Belém. Lucano sabia em seu coração que aquela luz levava a
salvação e que um dia ainda iria encontrá-lo.
Da mesma forma, Lucano, ainda criança,
apaixona-se pela sua amiga, sua querida "companheira de brinquedos",
Rúbria. Amor de almas, puro. Ele crescia com Rúbria e só o que Lucano
queria era o bem dela. Queria vê-la crescer, muito embora soubesse que a
doença branca a levaria embora mais dia, menos dia.
Keptah, o velho médico, confidenciara a
Lucano que Rúbria não iria sequer chegar a idade adulta. Agora começa a
jornada de fé e procura de respostas de Lucano, pois Rúbria morre logo
no início do livro. Não é spoiler, é apenas um fato que tenho de contar
para que todos possam entender o que se passou com Lucano por boa parte
do livro.
"Como esse Deus poderia tirar uma vida
como a de Rúbria?", pensava Lucano. Porque vitimar um ser tão bondoso e
tão bonito? Lucano queria apenas uma coisa: vingança! Queria tirar das
"garras" de Deus todos aqueles que sofrem e devolver-lhes a vida. Ficou
cada vez mais revoltado com a morte dela aos 14 anos. Lucano sentia um
amor verdadeiro pela menina, a quem ele devotava uma verdadeira
fascinação. E essa "vingança" só lhe aguça a vontade de ser médico e
ajudar quem sofria.
Agora, eu vos pergunto, estimado amigo:
quem na sua caminhada não teve dúvidas? Quem não teve um momento de
tristeza diante das misérias humanas e olhou com tristeza para o céu
querendo respostas? Na jornada de fé, São Lucas também ficou revoltado
com Deus.
E nessa revolta, Lucano experimenta uma
contradição enorme: querer ficar afastado do criador, ao mesmo tempo em
que é apaixonado pelo homem e sente comiseração pelo semelhante que
sofre. Por fora e da boca para fora, São Lucas queria distância de Deus,
só que no íntimo ele se alinhava ao Deus no instante em que queria
ajudar a todos os doentes.
Crescido, vai estudar medicina na
Universidade de Alexandria e tem início a segunda das três parte do
livro. Enquanto estuda e aprende as técnicas médicas, mas a sua bondade e
compaixão só crescem.
Impressionante a parte em que Lucano
cura um outro médico que sofre de lepra. Antes mesmo de ser cristão,
antes mesmo de conhecer o Salvador, São Lucas já recebia de Deus a graça
de curar pessoas.
Que livro lindo!
Após ser laureado na universidade e de
volta a sua terra Natal, São Lucas reencontra a sua mãe e seus amigos,
mas não criou raízes. Sua vontade é sair pelo mundo e salvar pessoas,
curar aqueles que sofrem. Nem que seja com um olhar piedoso. Todos
aqueles que sofrem precisam de atenção. É assim desde que o tempo de São
Lucas. Porque seria diferente agora? Ninguém suporta um médico que
trata mal seus pacientes. Infelizmente, coisa MUITO comum atualmente...
São Lucas viveu pobre, atendia filas de
doentes pobres e não recebia recompensas por ajudar quem mais
precisava. Entretanto, como considerava o ser humano a coisa mais
importante do mundo, atendia aos ricos que eventualmente requeriam sua
análise também. Como um bom médico que era, era requisitado pelos ricos
também e para eles São Lucas também tinha uma palavra de conforto, muito
embora preferisse os pobres.
Durante o livro, São Lucas percebe a
verdadeira natureza do Deus Desconhecido e percebe o quão bondoso ele é.
Depois de tentar fugir e jurar vingança por anos, decide se entregar
totalmente para o Criador, numa das partes mais bonitas de todo o livro,
que tem inúmeras partes lindíssimas. Impossível não lembrar das cenas
das curas milagrosas feitas por São Lucas, que são partes cheias de
enorme emoção.
Essa parte da sua "conversão" (coloquei
entre aspas porque São Lucas já era de Deus desde o seu nascimento. Só
ele não enxergava isso) eu não vou contar aqui. Isso cada um deve
descobrir lendo o livro. Obviamente, o leitor deve ter a sua própria
experiência com o livro e é isso que eu desejo: que todos construam tal
vivência, de modo que continuamos com a política de evitar quaisquer
spoilers.
Vivendo contemporaneamente com Jesus,
sendo apenas alguns anos mais velho que Ele, São Lucas vê a escuridão
que acometeu a terra inteira às 15 horas da sexta-feira da Paixão e
sente esse episódio. Mesmo sem ter conhecido o Salvador pessoalmente,
São Lucas virou adepto de seus ensinamentos e deixou a fé guiá-lo
totalmente a partir de sua conversão e com isso, a jornada de fé rumo ao
Deus Desconhecido, iniciada na sua infância, encontra o seu ápice.
Lembrando que sem nunca ter visto o Mestre! Como não o conheceu
pessoalmente, São Lucas teve uma brilhante idéia: escrever toda a
história de Jesus, colocar no papel tudo de maravilhoso que Nosso Senhor
deixou nessa terra.
Para isso, a fim de escrever a Sagrada
história, ele vai até Jerusalém, conversar com as testemunhas vivas da
presença do Verbo Divino que habitou entre nós. Essa parte,
especialmente, me fez ficar totalmente encantado: São Lucas vai até a
Mãe de Jesus para que ela lhe conte todos os detalhes de sua vida!
Como Jesus era quando criança? Como
agia e o que sentia? Tudo isso foi respondido por Nossa Senhora, que
recebeu Lucano em sua casa. Ele como um repórter, tomava notas de tudo.
Inclusive, conta a história da Igreja, que foi para São Lucas que Maria
recitou o tão maravilhoso Magnificat, belíssima oração que atravessou séculos e gerações.
Impossível não trazer um trecho do livro para que vocês percebam a nobreza desse livro:
- Como sabes, Lucano - dizia Hillel -, de há muito temos uma profecia que diz que o Messias seria da casa de Davi, e dizem que Jesus é dessa casa. Ouvi contar que a sua mãe foi visitada pelo Anjo Gabriel, que lhe falou no Nascimento do Messias que viria. Mas em Israel, deves verificar essas coisas por ti mesmo.
Lucano pensava na mãe do Messias, cujo nome era desconhecido de Hillel. Uma noite, ele se recordou do que José ben Gamliel lhe contara a respeito dela, quando seu Filho era menino e visitara os anciãos e doutores do Templo. A mais doce e terna das emoções apoderou-se de Lucano. A Mãe de Jesus começou a corporificar, para ele, todas as queridas mulheres que conhecera: Íris, sua mãe, Rúbria e Sara, e sua sensata e infantil irmã, Aurélia, que amava todas as coisas que tinham sido criadas.
Esperava ardentemente estar na presença de Maria, embora não lhe soubesse o nome. Desejava ouvir dos próprios lábios dela, a história do nascimento Dele, Sua infância, Sua juventude e idade adulta. Seguramente, ela poderia contar-lhe mais do que qualquer de Seus seguidores. Guardara o Filho em seu ventre, alimentara-O em seu seio. Ensinara-O a andar, lavara Suas roupas, tecera-as, cosera-as. Afligira-se com as doenças de que O tratara, e sentara-se junto do leito Dele, à noite, vigilante.
Quando Lucano pensava em Maria, uma sede apaixonada de sua presença e de sua voz se apoderava dele, e ele a amara. Ela era o grande Mistério, e era uma mulher, e as mulheres sempre lhe confiavam seus mais profundos mistérios.
- Quando soubermos o que ela pensou, o que ela fez, saberemos tudo - disse ele a Arieh e Hillel.
- Ela foi apenas um isntrumento de Deus - falou Hillel.
- Foi Sua Mãe, e as mães não sabem tudo a respeito de seus filhos? - perguntou Lucano. - E porque aquela mulher foi escolhida para ser Sua Mãe? Há uma razão para que todas as mulheres sejam escolhidas, e ela pode dizer-me.
- E os homens não amam as suas mães? - perguntou Arieh. - Ele não a amou acima de todas as outras criaturas? Não a ouvia ternamente, quando pequenino, quando jovem, quando homem? Sim!
- Ela é, sem dúvida, a abençoada de todos os tempos - disse Lucano.
Registrou a história do centurião romano Antonio e de seu servo. Registrou a história de Ramo, que vira o Messias erguer um jovem de entre os mortos e dá-lo de novo a sua mãe. Mas a primeira parte de seu Evangelho ele deixou aberta para quando visse Maria. (Páginas 544/546)
Não tenho como terminar a resenha a não fazendo um pedido ao santo: São Lucas, rogai por nós! ( cantinhodeleituradamari.blogspot.com )
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Para que você tenha uma idéia da qualidade da obra de Taylor Caldwell, basta dizer
escrever que ontem eu me encontrava num verdadeiro inferno astral onde
tudo dava errado. Logo pela manhã levei uma “sapatada” do meu
‘chefe-mor’, mas juro que o incidente que originou a tal ‘sapatada’ não
foi minha culpa; depois, meu pai perde três pivôs que foram implantados
recentemente em sua boca, lembrando que ele tem nevralgia do nervo
trigêmio que provoca uma das dores mais atrozes que o ser humano pode
sentir; à tarde, vejo um motociclista perder o controle de sua moto e,
literalmente, pranchar a poucos metros de mim. Bancando o bom
samaritano, parei o meu carro no estacionamento de um supermercado para
ligar ao SAMU, já que o motoqueiro “caiu e apagou”; então chega um FDP
bem perto de mim e diz: “Tira logo esse carro daí que eu to querendo
sair!! Se mexe mêo!!”. Pode acreditar, o infeliz viu a pobre vítima
apagada no chão, viu o tumulto na frente do estacionamento e o mais
importante, me viu no telefone falando com o atendente do SAMU e mesmo
assim ainda me esculacha! Viram só que dia !
Mas
apesar de todos esses problemas que alimentaram a minha segunda-feira,
eu estava feliz, aliás muito feliz, como se fosse uma sexta-feira,
véspera de feriado prolongado. O motivo desse misto de felicidade com
euforia era o livro “Médico de Homens e de Almas”. Naquela
segunda-feira, à noite, na tranqüilidade da minha sala de leitura
pretendia devorar os capítulos finais da obra de Caldwell. Não via a
hora de ler o momento em que Lucano (apelido do evangelista São Lucas –
assim, ele era chamado pelos seus familiares e amigos) se encontraria
com Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como seria esse encontro? O
que Maria iria revelar sobre a infância do Menino Deus?
O
encontro de Lucano e Maria acontece nas últimas páginas de “Médicos de
Homens e de Almas” e é o momento mais emocionante da obra, que por sua
vez, tem muitas outras passagens capazes de quebrar o mais duro dos
corações. Defino o romance de Caldwell como um poço de emoções; sendo
mais claro: ‘das mais belas emoções’. Um livro capaz de fazer com que eu
me esquecesse do “dia de cão” que estava vivendo. É isso aí.
Mas
vamos ao que interessa: São Lucas, Lucas ou simplesmente Lucano – autor
de um dos quatro Evangelhos da Bíblia e também dos Atos dos Apóstolos –
foi o único apóstolo que não era judeu, nunca viu Cristo e tudo o que
está escrito em seu Evangelho foi adquirido por meio de pesquisas e do
testemunho da mãe de Cristo, dos discípulos e dos apóstolos.
Mesmo
não tendo a oportunidade de conhecer Cristo, pessoalmente, São Lucas,
que ao que tudo indica teria nascido na Antioquia, se tornou o maior
defensor da fé cristã e, como Saulo de Tarso (mais tarde Paulo, o
apóstolo dos gentios), não acreditava que Nossos Senhor Jesus Cristo
tinha vindo para salvar apenas os judeus.
Antes
de se tornar um dos maiores apóstolos de Cristo, Lucas foi um grande
médico que viajou para vários países do mundo sempre com o firme
propósito de cuidar da saúde dos mais pobres e miseráveis, que não
tinham condições de pagar por um médico particular.
Taylor
Caldwell levou 46 anos para escrever “Médico de Homens e de Almas”, mas
todo esse período valeu à pena já que o livro se transformou num
fenômeno de vendas através dos tempos, entrando para a lista das obras
mais importantes dos últimos 100 anos.
A
obra trata de Nosso Senhor Jesus Cristo apenas indiretamente, pois
segundo a autora, não há romance e nem livro histórico que possam
transmitir a história de Sua vida tão bem quanto a Santa Bíblia.
Portanto, “Médico de Homens e de Almas” é um livro sobre a vida de São
Lucas, desde a sua infância até a fase adulta. Talvez, o maior segredo
do sucesso do romance de Caldwell é que a vida do apóstolo é o espelho
da nossa vida no que diz respeito ao relacionamento com Deus.
Quando
criança, Lucano amava o Deus Desconhecido – como era chamado pelos
gregos – de corpo e alma, chegando a ficar em estado de graça após as
suas orações e meditações. Mas foi só acontecer algo ruim em sua vida
para que ele passasse a culpar esse mesmo Deus. Ao perder o seu grande
amor, Lucano mudou a sua postura com Deus – como nós fazemos muitas
vezes – e começou a culpá-lo por todas as desgraças que aconteciam com
as pessoas. “Se Deus é tão bom porque não pune apenas os maus? Porque as
pessoas boas que o louvam sofrem tanto?” Essas eram algumas das
indagações feitas por Lucas que só vai começar a acreditar no Pai
novamente, num dos trechos mais emocionantes do livro, quando Deus faz
com que ele encontre uma pessoa, a qual vinha procurando há muitos anos.
E
quer queiram ou não, todos nós seres humanos somos assim, parecidos com
São Lucas. Amamos e louvamos à Deus diariamente; até o momento em que
enfrentamos dores atrozes em nossas vidas. Então, nossa fé sofre um
abalo e passamos a questionar o nosso Pai e até mesmo culpá-lo por
estarmos vivendo determinada provação. Após o seu reencontro com o Deus,
Lucano ensina-nos que esse Deus é o Deus do amor e não da vingança e
que até o fatos negativos e tristes que acontecem em nossas vidas acabam
sendo importantes para o nosso crescimento como seres humanos. E bem lá
na frente, esses mesmos fatos que sangraram o nosso coração, acabarão
propiciando momentos felizes em nossas vidas.
É
a partir desse reencontro muito especial que São Lucas começa a
escrever o seu evangelho baseado no que ouvira dos apóstolos e
discípulos de Jesus. Ele deixaria a primeira parte do seu livro
reservado para o relato de Maria, a mulher que carregou Deus em seu
ventre.
Lucano
passa vários meses à procura de Maria e quando ele a localiza...
agüenta coração!!! O encontro de Maria com o apóstolo é uma avalanche de
emoção.
Maria
relata detalhes da infância de Jesus; do amor de seu esposo José pelo
Menino Deus e dos brinquedos que fazia para Ele quando garoto; do embate
entre Jesus e Satanás que ao tentar seduzi-lo a esquecer a humanidade,
fugindo assim da crucificação, acaba sendo refutado e expulso pelo
Cristo. Maria narra para São Lucas os detalhes desse encontro do seu
filho com o anjo do mal e que teria sido presenciado por ela. A Virgem conta,
ainda, de maneira minuciosa como foi o momento da aparição do Arcanjo
Gabriel que anunciou que ela seria a mãe de Jesus. Revela também
detalhes de seu encontro com a prima Isabel e da origem do canto
Magnificat.
Escritora Taylor Caldwell |
Além
da emocionante narrativa de Maria, a obra de Caldwell prende o leitor
por explorar detalhes interessantes da vida de vários personagens
bíblicos que aparecem apenas discretamente nos quatro evangelhos, apesar
de terem vividos momentos decisivos com o Mestre. É o caso, por
exemplo, de Hillel bem Hamram, o rico judeu que ao ver Jesus pregar, se
aproximou e perguntou: - “Bom Mestre, o que devo fazer para merecer a
vida eterna?”. Ao que Jesus, respondeu: - “Conheces os mandamentos, não
deves matar, roubar, dar falso testemunho ou cometer adultério. Deves
honrar teu pai e tua mãe. O rico judeu respondeu: - “Desde a minha
juventude respeito os mandamentos”. Então, Jesus finalizou dizendo: -
“Falta-te uma coisa: vende o que tens, pois é rico, e dá o resultados
disso aos pobres. Então, terás os tesouros do céu”. Ao ouvir essas
palavras, o homem rico ficou muito triste porque não queria dispor de
seus bens, então, virou as cotas e foi embora.
Em
“Médicos de Homens e de Almas”, Lucano encontra Hillel em profunda
depressão, desejando apenas a morte, arrependido de não ter seguido
Jesus. Agora é tarde demais porque o Cristo já fora crucificado. Cabe à
Lucano acalmar o espírito atormentado do homem, dando-lhe a paz que
tanto procurava. Após ouvir as palavras reconfortantes do apóstolo,
Hillel se recupera e narra com pormenores como foi o seu encontro com
Jesus naquele dia, inclusive a passagem em que Ele repreende os seus
apóstolos dizendo: “Deixai vir à mim as crianças, pois é dela o reino
dos céus”.
Durante
o romance, Hillel vem a se tornar um dos melhores amigos de São Lucas,
ajudando-o, inclusive, a localizar o paradeiro de Maria.
Outra
passagem que merece ser lembrada é o encontro de Lucano com o seu irmão
Prisco, o soldado romano que ficou incumbido da crucificação de Jesus.
Segundo a autora, os homens que fixaram os cravos que rasgaram as mãos e
os pés de Jesus durante a sua crucificação estavam sob o comando de
Prisco. Antes desse momento de dor, os olhares do soldado e de Jesus se
cruzam e então algo acontece...
Pouco
tempo após a crucificação, Prisco também se entrega ao remorso e em seu
leito conta toda a sua história para o seu irmão. Este seria o
Evangelho da crucificação escrito por São Lucas.
Muitos
outros personagens importantes cruzam o caminho de Lucas e assim o
apóstolo vai ouvindo os testemunhos dessas pessoas e escrevendo o seu
Evangelho. É o caso de Pilatos; Heródes; o centurião romano chamado
Antônio que teve um amigo curado por Jesus naquela famosa passagem
bíblica: “Senhor diga só uma palavra e ele será curado”, se lembram?. E
mais: Ramo, o liberto de Lucano que presenciou Jesus devolver a vida ao
filho único de uma viúva que chorava a sua morte; o soldado romano Aulo
que se converteu ao ver Jesus criando a oração do “Pai Nosso”; enfim
todos esses personagens ajudaram São Lucas a escrever o seu Evangelho.
Enfim, “Médicos de Homens e de Almas” é um livro cativante e emocionante... Tudo isso e muito mais.
Para ler, reler e se emocionar. ( livroseopiniao.com )
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A Bíblia apresenta São Lucas como o médico de coração generoso, bem
instruído e autor de um dos evangelhos e do Livro de Atos. Lendas
antigas o descrevem como uma pessoa fora do comum, a quem são atribuídos
milagres e prodígios antes mesmo de sua conversão ao cristianismo.
Em "Médico de homens e de almas", Taylor Caldwell combina estas duas
imagens de um dos mais importantes da igreja cristã primitiva,
caracterizado pela constante preocupação com o sofrimento de enfermos,
oprimidos e pobres. A autora pesquisou a vida e as obras de Lucas
durante anos, e as descreve de forma romanceada num livro rico em
detalhes históricos e de narrativa emocionante. ( livrariacultura.com )
Muito bem elaborado.
ResponderExcluirO relato corresponde ao descrito no livro.